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Por que amamos tanto os animais

de estimação?

De onde vem esse amor tão grande? Cientistas tentam entender isso através

de várias pesquisas interessantes

Em uma edição recente da revista Época, é mostrada uma situação bastante comum nos dias atuais: os animais de estimação passaram não apenas a fazer parte das famílias, mas também a serem tratados com o mesmo amor com que se trata um ente muito querido.

 

Enquanto os amantes dos animais compreendem isso, quem não gosta dos bichinhos tanto assim acaba considerando essas pessoas como problemáticas. Afinal, qual é o limite para o amor aos pets?

Amor pelos animais

De onde ele vem?

No livro “What’s a dog for?” (Para quê serve um cão?), um jornalista americano tenta entender o que ele define como “a estranha situação de ter um predador em casa, deitado de barriga para cima, esperando alguém lhe fazer cócegas”. Essa visão pode parecer um tanto quanto exagerada, sob o olhar de quem tem animais de estimação. Entretanto, basta procurar nas redes sociais para se deparar com donos de animais dedicando páginas de Facebook inteiras aos seus bichinhos, com a mesma força – senão maior – que divulgam fotos de seus bebês. Inevitavelmente, isso acaba chamando a atenção de psicólogos e outras pessoas não aficionadas pelos pets, que buscam compreender esse fenômeno.

 

Um grupo de cientistas, liderados pela antropóloga americana Pat Shipman, da Universidade de Pensilvânia, afirma que a conexão entre humanos e animais é algo tão enraizado que foi moldado pela nossa evolução. De acordo com Pat, nosso cérebro está programado para prestar atenção aos animais. Isso seria uma consequência do uso de animais como companheiros de caça em tempos antigos, o que era essencial para a nossa sobreviência como espécie.

 

Uma outra pesquisa, liderada pelo neurobiólogo americano Florian Mormann, constatou algo que confirma essa teoria de Pat. Voluntários eram expostos a uma série de imagens, que incluía fotos de animais, enquanto suas atividades cerebrais eram monitoradas. O que foi constatado é que a amígdala, uma estrutura cerebral associada ao processamento de emoções, reagia fortemente às imagens de bichos. Mais especificamente que isso, a área da amígdala afetada é onde costumam ser armazenadas informações e estímulos biologicamente importantes para nós. Ou seja, isso indica que o cérebro possui uma especalização funcional para lidar com animais.

 

 

 

Outra teoria sobre o amor pelos animais

Essa proximidade entre humanos e

animais é necessariamente biológica?

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Essa teoria de conexão ancestral com os animais, apesar de interessante, acaba

implicando na interpretação de que estamos “fadados” a cuidar de nossos cachorros e gatos como homens das cavernas lidavam com lobos e mamutes.

 

E isso acaba desconsiderando o fato de que, apesar dessa base ancestral, nós evoluímos e mudamos de comportamento ao longo desses milhares de anos.

 

Já os psicólogos e sociólogos possuem outra explicação, muito mais ligada à transformação social das últimas décadas. No começo dos anos 70, por exemplo, não se vendia ração para animais, e lugar de bicho era no quintal. Foi só com a diminuição – e verticalização – das moradias e o aumento da renda brasileira, no fim dos anos 90, que os animais foram trazidos para dentro de casa, dividindo o sofá com a família. E essa proximidade física teve como consequência uma proximidade emocional.

 

 

Animais como filhos

O que faz donos tratarem animais como se fossem seus filhos?

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Uma explicação mais fácil

Talvez esse amor todo tenha uma origem ainda mais simples

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     Apesar de todas as teorias testadas em pesquisas e laboratórios, há quem proponha ideias mais simples. O fotógrafo e jornalista americano Jon Katz, autor de sete livros sobre a relação do homem com os animais, propõe que as pessoas gostam dos bichos porque eles não contrariam as pessoas, porque são relações mais puras e simples. De acordo com Kats, com os bichinhos não há grandes dramas, conflitos, crueldades, decepções, como experienciamos com outros humanos, e isso gera esse amor.

     Enquanto isso, psicólogos e especialistas constatam outras coisas interessantes. Allen McConnell, da Universidade de Miami, por exemplo, publicou um levantamento desmistificando algumas ideias vigentes sobre donos de animais. Ele afirma que pessoas que possuem bichos geralmente têm boa autoestima, tendem a estar em melhor forma física e são muito menos estressados. Outro achado interessante foi o de que pessoas que se relacionam bem com bichos também se relacionam bem com outras pessoas, ao contrário da ideia de que os animais servem como substituto para o convívio social.

Assim, com tantas explicações sobre por que as pessoas se apegam aos animais, acaba sendo mais fácil questionar por que elas não se apegariam, não é mesmo? No final das contas, é uma questão de se abrir a novas experiências. Afinal, qual bichinho não é capaz de aquecer um coração?

 

Fontes:

Revista Época. 28.01.2013

http://www.bolsademulher.com/pet/de-onde-vem-tanto-amor-pelos-animais-de-estimacao

Mesmo com toda a ligação emocional estabelecida, alguns donos vão ainda além e tratam seus bichinhos de estimação como se fossem seus próprios filhos. Buscando entender se esse laço que é gerado entre mãe e filho também pode ocorrer entre humanos e animais, biólogos da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, realizaram uma pesquisa.

 

Eles analisaram o comportamento entre animais, detectando que eles ficavam agitados e ansiosos quando longe de seus donos, o que indica um grau de apego. Na psicologia, o apego é um sinal de laço entre mãe e filho.

     

Entretanto essa pesquisa não necessariamente determina que o vínculo dos animais com seus donos seja inteiramente como de pais com filhos. Isso “pode ser resultado dos 10 mil anos de domesticação”, disseram os cientistas. Eles também elaboram a hipótese de que os criadores de cães, ao longo do tempo, selecionaram cachorros que se comportem de maneira mais semelhante à de crianças.

     

Já cientistas japoneses detectaram que donos liberavam altas doses de oxitocina, o “hormônio do amor”, após brincarem com seus animais, ou mesmo após apenas olharem para seus bichos por um longo tempo. Isso prova que não apenas os cães agem como crianças, mas que os seres humanos os percebem como filhos.

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